sábado, 4 de fevereiro de 2012

SAÍDA POLÊMICA DE VANDERLEI LUXEMBURGO DO FLAMENGO

A demissão de Vanderlei Luxemburgo, que já se desenhava desde a pré-temporada do Flamengoem Londrina, em janeiro, teve contribuição de diversos fatores. A má relação com dirigentes e também com o craque da equipe, Ronaldinho Gaúcho, além de trocas de farpas públicas, falta de respaldo da diretoria, atrasos de pagamentos, são alguns dos itens desta relação que encerrou precocemente o contrato do técnico, que iria até dezembro de 2012.

A multa rescisória gira em torno de R$ 4 milhões e Luxemburgo tinha vencimentos de aproximadamente R$ 500 mil mensais, além de luvas a vencer nos meses de dezembro a fevereiro, de 2010 a 2012, no valor de R$ 625 mil.
A situação azedou de vez na quarta-feira à tarde, quando a diretoria permitiu que se espalhasse a notícia de que o treinador já era carta fora do baralho, e que Joel Santana já estava contratado. Tudo isso a poucas horas do decisivo jogo contra o Real Potosí, pela Libertadores.

Veja abaixo os principais motivos que levaram à demissão de Luxemburgo:
Foto: Vicente SedaAmpliar
Ronaldinho exibe cansaço após treino do Fla em Londrina
1 - Relacionamento ruim com R10
A amizade entre Vanderlei Luxemburgo e Ronaldinho Gaúcho foi se deteriorando ao longo do ano de 2011, crise que teve seu auge durante a pré-temporada deste ano, em Londrina.

O empresário e irmão de Ronaldinho, Assis, levou a insatisfação do jogador à diretoria. Com o impasse em relação à assinatura do contrato com a Traffic, que interrompeu o pagamento dos direitos de imagem e já devia R$ 3,75 milhões ao atleta, a pressão do craque sobre Luxemburgo caiu como luva para o vice de finanças, Michel Levy, e o diretor executivo de futebol, Luiz Augusto Veloso.
 
Luxemburgo, acuado, chegou a dizer que após os jogos contra o Potosí, com o time classificado para a Libertadores, iria se posicionar. Em Sucre, na Bolívia, onde o time fez período de adaptação à altitude para jogar contra o Real Potosí a 4.070m acima do nível do mar, Luxemburgo e Ronaldinho chegaram a posar juntos, sorridentes. O técnico deu entrevistas falando em relação "fraternal". Mas, a este ponto, a fritura já era irreversível.
 
2 - Relacionamento ruim com Veloso e Levy
Não foram poucas as trocas de farpas públicas entre Vanderlei Luxemburgo e o vice de finanças do Flamengo, Michel Levy. A insatisfação pelo atraso de pagamento da premiação do título estadual invicto, declarada por Luxemburgo no palco da festa dos melhores do campeonato, foi o primeiro arranhão. Não tão distante, outra discussão via imprensa aconteceu em dezembro de 2011, com o técnico reclamando de interferências nas contratações, dizendo que a comissão técnica tinha de indicar e o financeiro deveria apenas se posicionar sobre ser possível ou não viabilizar a verba.
 
Os acontecimentos em janeiro mostraram nitidamente a perda de força do treinador. Viu nomes que vetou voltarem à pauta, como Douglas, do Grêmio, e jogador que não avalizou ser contratado, como o zagueiro Marcos González. Terminou a pré-temporada sem reforços e sequer teve tempo de utilizar Vágner Love, a principal contratação para 2012.
 
3 - Falta de respaldo da presidente Patrícia Amorim
Aos poucos, Luxemburgo já sentia desde 2011 que vinha perdendo os poderes de gestor do futebol que foram prometidos no momento da sua contratação, em outubro de 2010. Sempre defendeu a presidente Patrícia Amorim em entrevistas, mas não encontrou respaldo quando a crise atingia seu ápice em Londrina. Após reclamações de jogadores como Alex Silva e Deivid, que confirmaram publicamente o atraso nos direitos de imagem, o vice de finanças Michel Levy qualificou de "marqueteiros" os atletas que falaram sobre as dívidas.
 
Luxemburgo tomou as dores do elenco, afirmou que Levy foi "infeliz", mas se viu sem chão. Primeiro, Amorim respondeu em entrevista, o colocando apenas como treinador, não como um "manager". Depois, Alex Silva abandonaria a delegação que viajaria para a Bolívia.
 
4 - Falta de autonomia em questões disciplinares 
A perda de poderes de Vanderlei Luxemburgo se tornou nítida em Londrina. Técnico que sempre teve a alcunha de disciplinador como marca registrada, se viu de mãos atadas diante de uma clara transgressão de regras no hotel que servia de concentração para a delegação. A estrela do time, Ronaldinho Gaúcho, burlou a segurança e levou uma mulher para o local. Questionado em entrevista coletiva, Luxemburgo evitou polêmica e fez o que tinha autoridade para fazer. Disse ter passado todos os fatos à diretoria e ponto final.
 
5 - Falta de autonomia nas contratações
Fazia tempo que Vanderlei Luxemburgo reclamava da lentidão no Flamengo na aprovação de verbas para contratações e também de interferência na parte técnica, como indicação de nomes. Em janeiro de 2012, viu o nome de um jogador que vetou voltar à pauta (Douglas, do Grêmio), teve um zagueiro contratado sem seu aval, Marcos González, e teve pouca ou nenhuma participação na negociação da principal contratação para a temporada, Vágner Love.
Os números de LuxemburgoJogosVitóriasEmpatesDerrotas
201011353
201169332610
20124211
Flamengo

6 - Sem poderes de "manager"
 
Pelo estatuto do Flamengo, Vanderlei Luxemburgo não poderia ocupar a função de treinador, cargo remunerado, e de "manager" do futebol, enquadrado como cargo de confiança. Na época da contratação do técnico, a presidente Patrícia Amorim explicou a questão: "Ele é contratado como treinador e acumula algumas funções de forma espontânea. Mas não está no contrato dele que é manager. Ele é treinador, mas acaba nos ajudando em outras situações. Quem assina é o presidente, quem encaminha é o vice-presidente. Ele pode sugerir, atuar, mas não tem o poder de decisão. Essa caneta ele não tem".
 
Apesar de não ter a caneta, Luxemburgo tinha, inicialmente, a palavra final em alguns assuntos como contratações e questões disciplinares do elenco, autoridade que os acontecimentos em Londrina mostraram não existir mais. Sem o apoio dos dirigentes que fazer girar a engrenagem do futebol, ficou sem caneta e sem voz.
Foto: Vicente SedaAmpliar
Alex Silva e Deivid foram os primeiros a falar sobre dívidas do clube com jogadores
7 - Atraso de pagamentos
Problemas durante a temporada de 2011 levaram a atrasos de pagamentos, o que para Vanderlei Luxemburgo dificulta o trabalho, limitando o seu poder de cobrar o elenco. Se nos primeiros meses de 2011 a crise foi por conta de atraso da premiação pelo título estadual, em janeiro do ano seguinte, em Londrina, a falta de pagamento de direitos de imagem a diversos atletas do elenco fomentou uma crise com graves consequências: Alex Silva abandonou a delegação e foi afastado, Luxemburgo entrou em atrito irreversível com o vice de finanças Michel Levy.
 
Muitos fatores contribuíram para os atrasos, como a demora no acerto com um patrocinador master, que só aconteceu no segundo semestre e não foi renovado para 2012. O clube ainda busca interessado em pagar os R$ 25 milhões que pede para exposição de marca no espaço mais nobre do uniforme.
 
8 - Resultados apenas medianos
Desde que voltou ao Flamengo, os resultados obtidos por Vanderlei Luxemburgo foram apenas medianos. Em 2010, não fez grandes progressos para salvar a equipe do rebaixamento, perdendo a última rodada e permanecendo na Série A por combinação de resultados. Em 2011, conquistou um título estadual invicto mas, mesmo com a contratação de Ronaldinho Gaúcho, só conseguiu levar o Flamengo à primeira fase da Libertadores, ficando fora da briga pelas principais taças do ano.
 
9 - Jogadores descontentes com método de trabalho
Apesar de não confirmarem publicamente, o que se percebia e ouvia de jogadores em Londrina, na pré-temporada, era claro. Havia focos de insatisfação com o estilo de trabalho do treinador, embora também existisse quem o defendesse no grupo. A principal crise foi com Ronaldinho Gaúcho, estrela da companhia. Como aconteceu em 1995, quando dirigiu Romário no Flamengo, o técnico perdeu o cabo de guerra com o principal jogador do time. Na partida de quarta-feira à noite, contra o Potosí, apenas Leonardo Moura, autor do primeiro gol na vitória por 2 a 0, apontou para o técnico na concentração. Os demais jogadores sequer passaram perto da área técnica e Luxemburgo comemorou sozinho.
 
10 - Delegação sem dirigente na Bolívia e preparação de alto custo
A ausência de qualquer dirigente do alto escalão na delegação que fez período de adaptação à altitude em Sucre, na Bolívia, foi claro sinal de falta de respaldo da diretoria a Vanderlei Luxemburgo. O técnico se viu de mãos atadas diante dos problemas. Patrícia Amorim justificou alegando que a diretoria, em busca de recursos e contratações, tinha muitos afazeres no Rio. Nos últimos dias da estadia, a diretoria enviou um representante para ser chefe de delegação, o conselheiro Jorge Rodrigues, que serviria para amenizar também a crise entre Ronaldinho e o treinador. O custo da preparação foi bastante questionado internamente, especialmente pelo fato de o treinador ter levado diversos reservas que não foram utilizados a dois dias da partida em Potosí, o que onerou bastante o valor final da preparação, um total de R$ 550 mil.

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